sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Jazz Brasil


O resultado é um disco que surpreende pela originalidade dos arranjos, sonoridade “quente”, conduzido em todas as 12 faixas pelo violão ovation de Bob Cupini, ora tecendo belas harmonias e levadas diversas, ora dialogando com baixo, piano, bateria, um arrojado quarteto de saxs , cordas delicadas e sutis, e expondo os temas com sua maneira característica.
Bob Cupini, que também assina a produção e direção musical. Antes, ele lançou “Asas”, um CD marcado pela presença da bossa nova e do samba, bastante elogiado pela crítica e muito bem recebido nos shows de lançamento no circuito paulistano. Assim como “Asas”, que teve sua primeira tiragem
rapidamente esgotada, “Caminhos” também é uma produção independente. Nasceu do desejo do compositor de resgatar um pouco da obra de grandes mestres brasileiros.

De Ataulpho Alves e M
ário Lago, mostra o clássico “Ai que Saudades da Amélia”, samba antigo, em arranjo moderno de traços jazzísticos, e o piano de Nelson Ayres em perfeito diálogo com o ovation. Também de Ataulpho, gravou a emotiva “Meus Tempos de Criança”, num clima de “morro antigo”, como comenta o próprio Bob, trazendo saudades dos velhos tempos.
De Monsueto, relembra “Me Deixa em Paz”, em que se destaca o arranjo que valoriza a alta densidade emocional da música. E Bororó comparece com “Da Cor do Pecado”, que ganhou um “clima caliente”, e acento espanhol, como define Bob.

Já Adoniran Barbosa é homenageado com arranjo inovador de “Trem das Onze”, momento em que o ovation “conversa” com o violão de sete cordas de Swami Jr., tocado direto na gravação. “O que sempre busco e confirmei nesses ‘Caminhos’ é a certeza de que mais importante é a vibração, a empatia, o suingue”, afirma o arranjador. “Gosto de passar esses sentimentos para os músicos e para o público”.
Admirador de Tom Jobim, compositor que já havia gravado no primeiro CD, Bob apresenta mais uma vez sua leitura original de obras do maestro, em dose dupla, com “Felicidade” e “Caminhos Cruzados”. Para ele, “Jobim sempre foi o norte”. Tanto assim, que em algumas de suas composições são claras as referências ao maestro.

De sua própria lavra, Bob Cupini gravou a bela composição “Azul Turquesa”, com referências eruditas e “jobinianas”, em movimentos iniciais de oboé e clarinete que conduzem à contemplação de um horizonte azul, evocado pela música. Também de sua autoria, a valsa “Bate-papo”, que se transforma em samba-jazz, seguindo a proposta, como ele faz questão de frisar, de uma “conversa entre músicos para deleite dos ouvintes”. A música nasceu pronta, rapidamente, como lembra Bob.
Outro mestre que abrilhanta o repertório do álbum é João Donato, de quem Bob gravou “Amazonas”, transformada em uma elegante salsa, executada com todo o balanço que o ritmo evoca.
Completando o repertório, dois standards “estrangeiros” – “Sunny” e “Estate”. A primeira faz parte do repertório dos shows e sempre sacode a platéia e a segunda, Bob considera “um primor de melodia”, além de reportar as suas origens italianas.

A bela capa, ilustrada por Neco Stickel, que também assinou a do anterior “Asas”, mostra a suavidade dos “Caminhos”, trilhas percorridas ao longo de uma trajetória musical, marcada pela alegria de compartilhar acordes, harmonias e canções dedilhadas no inseparável ovation, instrumento que o
acompanha desde 86, em performances cheias de energia e calor, sempre em busca da “simplicidade misturada com a ousadia”. Não à toa, o encarte traz uma foto antiga, dos anos 60, de Bob Cupini e Nelson Ayres no começo da carreira.
A liberdade que ele valoriza em sua música pode ser apreciada de forma ampla no novo CD “Caminhos” que chega depois de oito anos da produção do belo vôo de “Asas”.


 Fonte: http://www.ejazz.com.br/destaque/bob_cupini.asp

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